Como podemos ser uma inspiração para os nossos filhos
Todos nós como pais queremos o melhor para os nossos filhos, e por isso tentamos protegê-los e salvaguardá-los de experiências que achamos menos positivas. Com estas intenções por vezes avançamos com proibições e não os deixamos evoluir nas suas pesquisas e descobertas do Mundo.
Por vezes temos muito a tendência de lhes dizer que não, quando acreditamos que estão com a possibilidade de se magoarem. Usamos muitas expressões como estas:
– Não subas as escadas que podes cair;
– Não corras a essa velocidade que podes cair;
– Não mexas na faca que te podes cortar;
– Não podes lavar a loiça porque te vais molhar:
– Veste o casaco pois vais-te constipar;
Estes e tantos outros nãos, que por vezes são ditos de forma mais agressiva, e que lhes retira a liberdade, e não os responsabilizamos, a aprender a estar de forma mais atenta no meio em que se encontra sabendo por eles evitar situações de perigo.
Então, porque não começar a ajudá-los de forma mais prática? Incentivando-os a serem mais independentes e desta forma saber agir até mesmo quando não estamos por perto?
Ensinar desde pequenos a subir e descer umas escadas corretamente, mexer na faca de forma segura, entre todas as ações básicas do nosso dia-a-dia às quais eles têm acesso.
O nosso sistema de crenças também por vezes influência a que as situações aconteçam. Acreditando que a vibração das palavras tem muita força, quando dizemos muitos dos exemplos anteriormente dados, sobre se não fizeres isto aquilo acontece, estamos a projetar que esse resultado venha mesmo a manifestar.
Então a melhor solução é ensinar que todas as ações podem vir a ter determinadas consequências, e que todos nós podemos sempre escolher, ou prevenimos ou deixamos estar sabendo que depois teremos de lidar com o resultado dessa escolha, que nem sempre é positivo.
Se podermos desta forma ouvir e dialogar com os nossos filhos, ouvindo-os, escutando-os com atenção e tentando transmitir boas experiências e concelhos, eu acredito que durante o dia-a-dia nas mais pequenas ações e atitudes, incluindo as nossas, ou seja, nós enquanto adultos sermos mais focados nas soluções e não nos problemas, a ter de realizar uma critica que seja feito de forma constritiva e não depreciativa, entre outras formas, vamos de certo ser não só um porto seguro para eles, que mesmo que algo de muito grave eles façam nós estamos cá para os escutar e juntos avaliar a situação a agir perante ela, sem medo como uma verdadeira inspiração para os nossos filhos.
Deixo agora, dois exemplos práticos de como podemos atuar nas rotinas básicas do dia-a-dia!
– Numa das situações mais usuais do dia-a-dia, a criança vem ou vai para a escola, e está contrariada dizendo que não quer ir. A nossa automática resposta por hábito é dizer que não é bem assim, que a escola ensina matérias especificas e necessárias e uma série de mais valias, e muitas vezes em casos extremos geramos uma discussão que só dificulta ainda mais o processo. Então sugiro que pratiquem um diálogo aberto escutando a criança, e assim até obtendo informação valiosa para os poder ajudar.
“Pareces estar aborrecido com a escola”, ao realizar esta pergunta estamos a transmitir interesse na forma como ele se sente, e conseguir depois esclarecer o real motivo desta falta de motivação para ir. A criança sente-se escutada e não julgada, logo vai ter mais à-vontade para se poder expressar de forma mais concreta.
– Caso ele não colabore ao não responder, podemos agir da seguinte forma:
“Queres conversar sobre o motivo porque te sentes assim?”
E assim iniciamos um diálogo e comunicação mais aberta ainda, sem pressupostos apenas escutar.
No entanto a criança pode responder numa altura em que o tempo que dispõe não permita uma conversa logo, como no caminho para escola. Nesta situação devemos mostrar-lhe que nos comprometemos que por exemplo ao jantar ou após o mesmo tiramos um tempo para conversar sobre o assunto, sendo que estando a chegar à escola temos horários a cumprir e não conseguiam comunicar de forma mais tranquila.
Mas aqui é importante que sempre que se combine ou prometa algo, que seja cumprido, assim numa outra altura que seja necessário voltar a usar esta técnica eles confiem na nossa palavra.
Cumprir com a nossa palavra, estar disponível e aberto para escutar com paciência e amor é a forma de abrir portas para uma comunicação aberta e fluida.
Sei que por vezes o stress do dia e da vida nos leva a perder a paciência, não ter tanto tempo como gostaríamos. Mas mais vale deixar um dia a roupa por lavar e a loiça por arrumar, e conseguir doar esse tempo ao nosso filho, sabendo que assim o ajudamos realmente a conseguir gerir as suas emoções e desta forma estar preparado para lidar com o mundo, do que depois mais tarde perceber que o tempo foi perdido e termos de ir investir em ajuda externa para que eles possam resolver os problemas que podiam, ter sido evitados.
Sendo que por vezes não conseguimos ainda assim gerir de forma eficiente o nosso dia, vamos dar o nosso melhor para que sempre que se consiga esse tempo de qualidade e escuta exista.
Vamos tentar ser a mudança que o mundo necessita na comunicação entre os seres humanos, e começarmos a ser uma inspiração como educadores para os nossos filhos.
Por forma a te ajudar a compreender ainda melhor esta questão, fica uma sugestão de leitura:
“O cérebro da Criança”, de Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson. Editora, casa das letras.
Se ainda não ouviste o nosso podcast desta semana, convidamos-te a ouvir e desta forma a conseguires compreender ainda melhor esta questão da mudança e deixares que seja uma inspiração para este início de mês!
Mantra do mês:
“Eu tenho em mim toda a coragem e inspiração necessárias, e abraço a mudança com amor”
(Repete Várias vezes ao dia)
